Sinto o caco no peito
o coração estilhaçado e desfeito
revela o dano perfeito
espinhos cravados no órgão eleito
que passem as horas e os dias
e o tempo refaça a alegria
que move e semeia o ser
no lugar dessa funda agonia
que a vida possa seguir
e que traga de volta quem há
de ficar e leve consigo quem há
de partir e que a mente demente
deixe o valente coração no lugar
pulsando pela vida e o sangue
ao invés de tentar fazê-lo ruir
AB
Poesia impar, que por coincidência traduz de uma maneira muito linda um momento desta minha vida. Obrigado por agraciar a todos com teu talento
Eu que agradeço seu comentário e principalmente o ânimo e a motivação que vêm com ele. Obrigada, Milton!
MUITO BOM !
Pingback: Prayer | Alessandra Barbierato
Li este poema primeiro em inglês. Daí que por diletantismo comecei uma tradução sem maiores pretensões, ociosa mesmo. Daí que atentei que na postagem havia um link para o original em português, este em que agora comento. Vou te contar! Embora em linhas gerais o sentido fosse o mesmo, poeticamente os textos (o teu e minha tradução) eram filhos de pais diferentes. Ou mães. A coisa me lembrou outro episódio: Renato Russo, do Legião, escreveu um poema em inglês e contratou a Millor Fernandes para que o traduzisse. Millor escreveu sobre o episódio. Muito interessante é que Renato, ao receber a tradução, em nada a modificou, antes ficou extasiado com o conteúdo: “Deus, do céu, eu escrevi isso?”. Millor comentou que isso só reforçou sua suposição de que ninguém é bilíngue. Quando escrevemos em outra língua, escrevemos outra coisa, forjada pelo espírito desta língua. Daí (de novo o “daí”) que o teu poema nasceu grávido, não sei se em inglês ou em português. Mas grávido de qualquer maneira. E pariu. Um abraço.
Sim, amigo, cada um forjado em um espírito. Antes de palavras, busco esferas de significado que se aproximem às minha imagens pessoais, coisa que muita vez não é possível com a tradução. Muito menos em se tratando de poesia, que lida com a língua de maneira totalmente diferente. De qualquer forma, escrever um poema em duas línguas considero um exercício bastante fértil. Obrigada pelo comentário! Abraço.