A cada dia recomeça a tentativa
de livrar-me desse vício martelo
a estacar-me de maneira aflitiva
encadeando-me a alma elo a elo
pedi ao tempo levasse para longe
a memória que recuso a revirar
mas retorna insistente no horizonte
e não deixa minha alma descansar
a memória movente se aquieta jamais
fecho fundos olhos breu luto pela paz
mas o pensamento já não se perfaz
sem ti que nele te moves e és a luz
como lente frente a tudo te prevejo
recorro ao que tenho e rendo ao ensejo
a memória contato que em tato dissolve
o meio-abraço quase apertado o beijo
suas mãos suave suporte que envolve
por dentro e por fora és tudo que vejo
se dentre o universo pudesse escolher
somente uma dádiva estaria em questão
tornaria concretas memória e imaginação.
AB
Gostei muito, como gosto, aliás, de tudo que escreve. Bravo!
Obrigada, Renaldi! Fico muito contente 🙂
Faz tempo não via um hendecassílabo e rimado. É um metro do qual sempre gostei.
Quase isso! Abri mão da rigidez dos iambos e anapestos por alguns caprichos. 😀
Olá, Alessandra, você segue meu blog direitomemoriaefuturo e eu, que pouco entendo desses espaços compartilhados, fiquei muito surpreso em saber que uma artista tão qualificada se interessa pelos escritos incompletos de um juiz. nem sei se você vai receber essa mensagem, mas meu email é helio.david@tjsc.jus.br. até breve.
Olá Hélio. Achei seu blog muitíssimo interessante principalmente porque, leiga, venho ultimamente tentando entender mais sobre o assunto. Vejo no direito uma possibilidade de ver coisas práticas com maior clareza e menor ingenuidade. Gostei também dos contos. Agradeço a visita e o comentário. Até.
Gosto e gosto mais ainda por me identificar com a temática. Noutro dia, pensei que cada poema era, além de fruto de uma experiência poética quase impossível e mágica, também uma forma de concretizar minha imaginação. Fiquei com um medo danado de escrever sobre quem quer que fosse, pois pensei que se transformasse imaginação em poesia, estaria enterrando toda possibilidade daquilo se dar, de fato. Mas se poesia já é concretização, o que importa o “de fato”?
Pois é, Beatriz. Não acho que tenha regra pras possibilidades do “de fato”. Talvez a concretude que a poesia estabelece em relação à imaginação caminhe em um universo paralelo ao da realidade dos fatos, apesar de exercer nesse último sua força, mas não impossibilitando nem substituindo. Para mim, a função dela é nesse universo paralelo, onde ela age desde como o exorcismo mais severo de alguns tormentos de poeta e leitor, ou como uma concretização sutil e subjetiva que mais expande a imaginação individual de maneira pessoal e intransferível, até a aproximação de algo que de certa forma nos é alheia.
Oi Alessandra ,
Estou adorando o seu Blog , e já estou seguindo por aqui !
Se possível da uma passadinha no meu Blog também , ele aborda temas como Moda, Beleza e Tendências .
Beijos
http://www.maketula.wordpress.com
Obrigada, Bruna! Parabéns pelo blog! Beijos