Deuses e demônios cruzaram-me o horizonte
qual meditativa verdade então instaurada
dali me ficou proferida a função dessa fonte:
passar noite e dia na companhia da realidade
Tarefa mais árdua que essa não há, primeiro
por vezes tentei disfarçando, tais seres driblar
Depois em segredo comigo pensei infalível:
“não vejo, não falo ou escuto: não preciso lidar”
Acreditei ser possível tornar-me invisível
passando impassível por qualquer lugar
Quem me haverá de forçar ao intangível?
Por fim, disfarçado de tigre ardiloso e sagaz
veio a mim já exausto o engano me pondo a par
“Menina, fazer-te de sonsa é apenas fugaz
em solo arenoso quanto mais cresce a planta
mais árdua ainda é a tarefa de não afundar.”
AB
Republicou isso em Ala dos fumantes.
Obrigada pela gentileza, cabedino!
tem horas que não afundar é questão de permanecer imóvel, ao contrário do que se alardeia por ai!
Além das rimas bem construídas tem a significação por entre os versos! Belíssima poesia.
Obrigada, colega!